Neste fim de semana, a Caixa Cultural Brasília recebe o aclamado espetáculo Virginia, estrelado por Cláudia Abreu. Em uma noite de imersão no universo da literatura e da dor humana, a atriz se dedica ao primeiro solo da sua carreira, trazendo à cena a vida e a obra de Virginia Woolf, sob a direção de Amir Haddad.
Em Virginia, Abreu se apresenta não apenas como intérprete, mas também como criadora, oferecendo uma abordagem sensível e intensa sobre a escritora inglesa, que tanto a impactou ao longo de sua trajetória. O monólogo, que resulta de mais de cinco anos de pesquisa e experimentação, estreia em Brasília como parte de uma turnê nacional que já ou por mais de 25 cidades no Brasil e no México, incluindo o Festival Internacional Cervantino, em Lisboa, e alcançou um público superior a 45 mil pessoas.

O espetáculo é uma viagem emocional, marcada por alternâncias de fluxos de consciência – uma característica marcante da obra de Woolf –, na qual a protagonista rememora momentos-chave de sua vida. agens de sua relação com a intelectualidade de Bloomsbury, seus amores, dores e a turbulência emocional que permeou sua criação artística ganham vida no palco. Abreu se dedica a dar voz e corpo a essas memórias, criando um espaço para que a autora, em seus últimos momentos, revele não apenas suas inquietações interiores, mas também o peso da condição feminina, tanto no seu tempo quanto no presente.
A conexão de Cláudia Abreu com Virginia Woolf é de longa data, começando com a encenação de Orlando, dirigida por Bia Lessa, nos anos 1980, e reacendida em 2016, quando a atriz redescobriu o fascínio por Woolf, após intensa leitura e reflexão sobre seus diários, memórias e biografias. “Fiquei fascinada ao perceber como uma pessoa conseguiu construir uma obra tão brilhante diante de tanto desequilíbrio, tragédias pessoais e problemas na vida”, comenta Abreu, ressaltando o quanto essa jornada a tocou profundamente. Para ela, a peça também reflete sua maturidade artística, expressando suas inquietações sobre a condição humana, a dor da existência e as incertezas da criação artística.

A direção de Amir Haddad, que marca o retorno da parceria com Abreu, traz à cena um retrato íntimo da escritora. Malu Valle, que contribuiu no processo final, também teve papel fundamental na codireção, após Haddad se recuperar de uma infecção por covid-19. O espetáculo, portanto, não é apenas um tributo à autora inglesa, mas também uma reflexão sobre as dificuldades e os altos e baixos da trajetória humana, com uma atriz que, ao fazer a ponte entre os mundos de Woolf e do público, revela uma vulnerabilidade única.
Virginia – CAIXA Cultural Brasília
Data: 14, 15, 16 de março – quinta, sexta e sábado às 20hs e domingo às 17hs
Endereço: SBS – Quadra 4 – Lotes 3/4 – Brasília – DF
Ingressos: Esgotados