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Música

Novo governo Trump é alerta para o planeta, diz músico Ed O’Brien, do Radiohead

O músico britânico Ed O’Brien, guitarrista da banda Radiohead, está em São Paulo para participar de um na 11ª edição da Semana Internacional de Música

Redação Jornal de Brasília

18/02/2025 15h27

ed obrien

Foto: Divulgação

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O músico britânico Ed O’Brien, guitarrista da banda Radiohead, está em São Paulo para participar nesta quarta (19), às 18h30, de um na 11ª edição da Semana Internacional de Música, a SIM São Paulo 2025. A visita é mais um capítulo na carinhosa relação do artista com o Brasil, que começou há mais de dez anos, quando ele morou durante um tempo no país, algo que se refletiu em sua produção musical de lá para cá.

O evento, que vai até a sexta (21) no Memorial da América Latina, tem a proposta de discutir a indústria musical e a economia criativa latino-americana. O’Brien será um dos debatedores no “Sem clima, sem show”, com foco no enfrentamento das emergências climáticas e outras questões ambientalistas urgentes. Estará ao lado de Francisco da Silva Piyãko, líder índígena Ashaninka, e da cientista Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe.

A vinda dele faz uma ponte direta com as ideias “hippies” do guitarrista quando, em 2012, trouxe mulher e filhos ao Brasil e se fixou durante um ano em São Luiz do Paraitinga, no interior paulista. “A ideia original, com minha mulher e as crianças pequenas, era viajar por toda América do Sul. Mas percebemos que, para as crianças, seria melhor estarem conectadas a uma pequena comunidade e irem à escola. Eles aprenderam o português e foi um período mágico para nós.”

Ainda no Brasil, ele começou a escrever as músicas que seriam lançadas em seu primeiro álbum solo, “Earth”. O’Brien queria gravar aquilo imediatamente, para não perder a energia acumulada na agem pelo Brasil. Mas, quando voltou para a Inglaterra, em 2013, teve que adiar esse desejo devido às gravações de um álbum do Radiohead. Seu disco acabaria sendo lançado apenas em 2020.

A influência da música brasileira no álbum solo é evidente. O guitarrista diz gostar muito da tradição do samba de Carnaval. “O Brasil tem uma mistura única de ritmos africanos com melodias europeias, por causa da colonização”, diz o guitarrista.

Ele não foge dos gigantes ao elencar preferências na MPB: Tom Jobim, João Gilberto, Caetano Veloso. “Esses são monstros. Gosto também de toda a bossa nova. Mas meu favorito entre todos é Jorge Ben”, revela, emendando que ouve Mutantes e discos da tropicália, e destaca “Feminina”, o álbum que a cantora Joyce Moreno gravou em 1980.

O’Brien conta que terminou agora as gravações de seu segundo álbum e fez uma canção chamada “Obrigado”. “Eu queria um nome brasileiro. Estava pensando nas borboletas azuis que via em São Luiz do Paraitinga. Percebi que essa música é uma espécie de carta de amor ao Brasil.”

Para os fãs do Radiohead, ele avisa que o grupo descobriu takes que ficaram de fora do álbum de estreia, “Pablo Honey” (1993), e algo deve sair disso.

Sobre o no Sim São Paulo, ele adianta não ter certeza se a música tem um papel determinante nas questões ambientais. “Não acho que possamos fazer algo diferente do que os outros profissionais podem fazer. Eu, pessoalmente, tenho uma conexão muito forte com esse planeta que eu amo. Sou um garoto do campo, cresci no campo”, diz, explicando que mora em Londres, mas tem uma casa de campo no País de Gales.

“Para mim, as árvores são a minha catedral, é ali que eu tenho alguma conexão com algo divino. Preciso colocar essa conexão em tudo que eu faço, mas, insisto, isso é para todas as pessoas. Veja Greta Thunberg. Gosto muito dela, é um exemplo extremo sobre se posicionar o tempo todo a respeito disso.”

O’Brien tinha 17 anos quando viu de perto o show global humanitário “Live Aid”, e hoje tem uma visão diferente sobre a capacidade da música para mobilizar pessoas. “Foi um movimento muito forte, porque transmitia a sensação de que era possível mudar as coisas. Acho que hoje estou mais cético. A música ainda tem um papel importante, mas é apenas uma parte de algo que precisa ser muito maior. O ‘Band-Aid’ e o ‘USA For Africa’ não conseguiram acabar com a fome do povo africano.”

Para ele, a Terra vive sob o que chama de “capitalismo brutal”. “Tempos difíceis, mas não é o fim do tempo. Eu tenho 57 anos, creio que tenha ado por uma mudança pessoal, mas é preciso uma consciência global, de caráter existencial. Este planeta é um ser vivo, uma joia azul no universo. É preciso preservar isso e acho que nós não somos sábios ou maduros suficientes.”

Ele considera os mandatos de Donald Trump e Jair Bolsonaro ridículos. “Precisamos acordar, é uma coisa urgente. Eu não sou comunista, o comunismo não funciona, mas esse capitalismo que a gente vê agora é ridículo, tudo pelo dinheiro. Mas talvez mais um mandato de Trump seja algo tão desafiador que faça mais pessoas acordarem.”

SIM SÃO PAULO 2025
Quando Até sex. (21). com Ed O’Brien na qua. (19), às 18h30
Onde Memorial da América Latina – av. Mário de Andrade, 664, São Paulo
Preço R$ 240 a R$ 600
Link https://shotgun.live/pt-br/festivals/sim-sao-paulo-2025

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