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Literatura

Adão estreia na prosa com memórias de Paris

O cartunista gaúcho costuma contar suas memórias da Cidade Luz em seus quadrinhos, mas, dessa vez, será mostrada em seu novo livro

Redação Jornal de Brasília

25/05/2022 8h55

O cartunista gaúcho costuma contar suas memórias da Cidade Luz em seus quadrinhos, mas, dessa vez, será mostrada em seu novo livro

Foto/Reprodução

Adão Iturrusgarai pode se considerar um cronista dos bons. Humor não lhe falta, haja vista a legião de fãs que o segue pelo Instagram. Além da inegável popularidade de seus quadrinhos, sua prosa afiada se mostra toda sexta-feira no folhetim Correio Elegante, um espaço criado pelo gaúcho para contar suas memórias por Paris, que virou livro.

Paris Por Um Triz (Zarabatana) se a em meados da década de 1990, quando o cartunista fez as malas e foi embora pra Cidade Luz. “Foi uma espécie de estágio para morar em São Paulo”, diz ao Estadão. O leitor descobre um jovem ilustrador às voltas com perrengues chiques, como quando penou para desenhar o macaco Waikiki, desesperado para conseguir trabalho. Lá ele conheceu figurões do underground e se meteu em enrascadas amorosas, como conta em Chana Número 5, episódio inspirado no perfume icônico da Chanel. “Em Paris, demorei dois meses para ar perto da Torre Eiffel, queria ver a vida real, os bares, os cafés. A parte mais linda da cidade são as pessoas.”

Prosa

Financiado por um crowdfunding, o livro de Adão bateu sua meta inicial em 10 dias. “O Correio Elegante surgiu antes dos textos. Só depois criei coragem para escrever, era um antigo sonho. E tenho adorado fazer isso toda semana. Escrever minhas memórias de Paris era mais do que uma necessidade, uma obrigação. Mas uma boa obrigação.” A empreitada, que ganhou fôlego na pandemia, começou com uma newsletter despretensiosa.

Tornou-se leitura obrigatória para mais de cinco mil s, que recebem os textos por e-mail. O folhetim de Adão virou uma porta de entrada para o universo do cartunista, que foi amadurecendo a prosa durante o processo de escrita. “Para o livro, cortei muita gordura, que era necessária para dar fôlego à novela.”

Foto/Reprodução

Veríssimo

Discípulo de Luís Fernando Veríssimo, que desenhava charges e caricaturas no jornal Zero Hora, Adão foi de Cachoeira do Sul para Porto Alegre cursar publicidade e, com o sonho de se tornar um cartunista, deu um jeito de entrar em contato com o mestre. Como? Conheceu um sujeito em um bar que tinha o telefone da casa do escritor. Juntou as moedas e comprou fichas telefônicas para usar num orelhão e ligou até ser atendido. Algum tempo depois, Veríssimo deu um empurrão decisivo na carreira do garoto que queria largar a publicidade: publicou uma tira de Adão em sua coluna na Zero Hora.

Charge

A partir daí, Adão começou a colaborar com revistas alternativas, como Chiclete com Banana, a sua bíblia do quadrinho nacional. Foi entrando em contato com os cartunistas de São Paulo que Adão formou, anos mais tarde, o quarteto Los Quatro Amigos, com Laerte, Angeli e Glauco. Antes de desembarcar na Pauliceia Desvairada e rumar a Paris.

“Hoje, dedico tempo igual à escrita e aos quadrinhos, continuo a newsletter, agora escrevo sobre a época de Barcelona e Amsterdã. São memórias, mas também com uma pitada de autoficção”. Nos últimos anos, Adão tomou aulas de redação para transportar suas memórias do estrangeiro para o papel. “Agora estou escrevendo em terceira pessoa, nas memórias usei a primeira pessoa. Mas em ambas eu trabalho com o personagem Adão, que é como pronunciam meu nome em francês.”

Estadão Conteúdo. 

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