Tite reconheceu a pressão ao assumir a Seleção Brasileira em um momento nada favorável. Após os péssimos resultados recentes em competições oficiais, a equipe canarinho terá que se reerguer nas Eliminatórias, onde atualmente está fora da zona de classificação para a Copa do Mundo. Apesar das dificuldades, o técnico atual campeão brasileiro comentou que não existe um momento ideal para agarrar a oportunidade, mas é preciso coragem para lidar com os obstáculos que deverão ser apresentados neste início de trabalho na CBF.
“O ideal não acontece. As circunstâncias acabam acontecendo, fiquei sentado em uma poltrona aguardando em 2014 e não aconteceu, a vida é assim. A oportunidade veio agora, entendi que deveria aceitar talvez por querer ter uma história na Seleção Brasileira durante a minha carreira. Aprendi muito perdendo para que eu pudesse chegar aqui nesse momento. O ideal não tem, mas tem a coragem para assumir a Seleção nesse momento”, afirmou, reconhecendo o momento conturbado.
Ciente do tamanho de sua responsabilidade, Tite citou grandes Seleções ao longo da história, como a de 1982, que encantou o mundo, mas acabou sendo derrotada para a Itália, na Copa da Espanha. Antes de sua apresentação o treinador visitou o museu da Seleção Brasileira, na sede da CBF, e encarou o eio como inspiração para seu início de trabalho. Tite, no entanto, preferiu frisar seu estilo simples em meio a tanta badalação acerca de seu nome.
“Inspira e faz o joelho balançar também. Fico feliz pela construção da minha carreira, o lado da vaidade já ou. Hoje, com 55 anos, fico muito tranquilo, gosto de ficar com a minha esposa. Sou um cara simples, gosto de tomar meu café, trabalhar full-time. Não vou modificar os meus hábitos. Quando recebi o convite, muitos perguntaram se isso me amedrontava, mas é preciso saber que também tenho minha carreira, escrevi uma história”, completou.
Tite também revelou a emoção de sua mãe quando ligou para ele na manhã desta segunda-feira para informar que as negociações haviam terminado e que agora ele era oficialmente o novo treinador da Seleção Brasileira. “O Gilmar me ligou notificando que a negociação estava completa e então liguei para a minha mãe e disse: ‘Mãe, seu filho é técnico da Seleção Brasileira’. Minha mãe começou a chorar e me deu benção”.
Confira trechos da entrevista
Adenor Leonardo Bacchi, o Tite, foi apresentado oficialmente como o novo comandante da Canarinho nesta segunda-feira (20). Aos 55 anos, o gaúcho de Caxias do Sul chegou à sede da CBF, no Rio de Janeiro, e conversou com a imprensa no auditório da entidade. Além de Tite, foram apresentados o auxiliar-técnico Cleber Xavier, o coordenador técnico e tecnológico Matheus Bacchi, e o novo coordenador de futebol da seleção, Edu Gaspar.
Sobre a semana que antecedeu a sua apresentação
“Foi um turbilhão, sou um ser humano, tenho os mesmos sentimentos que vocês têm e por condição da vida, de me preparar dia a dia. Não imaginei ser técnico da Seleção, não planejei, faço meu melhor a cada dia. Estabeleço metas a curto e médio prazo, aprendi que futebol é assim. Daqui a um, dois ou três anos vai ser outro profissional. Não sou melhor que ninguém”.
Seleção com a cara do Brasil
“Não tem que ter a cara do Tite, tem que ter a cara do Brasil e da qualidade individual dos atletas. Com a competitividade. Sistema que potencialize, não é minha cara, é a nossa, da característica dos atletas. A priori, muita transição e rapidez com base da Seleção, afora qualidade técnica. Ajustar, potencializar, essa é minha função”.
Integração com times brasileiros
“Quero acompanhar trabalho dos técnicos e vou me convidar para assistir, sem intervir, aos treinos dos clubes. Acompanhar treino, conversar com técnico e acompanhar jogo para mensurar. Técnico vai me ar o que o atleta tem e pode executar. Treinos eu não vou conseguir fazer, esse é meu grande desafio. Outro é montagem da equipe, um jogador que possa executar função e se sentir bem”.
Ideia de rodízio de capitães
“Ideia de troca de capitania. Podemos divergir de ideias, é da vida, mas com respeito. Todos têm uma responsabilidade em cima da performance, todos vencem, essa é a grande marca de uma equipe de futebol. Essa mudança de capitania traz isso. Há diversos perfis de liderança: técnica, comportamental, o que consegue externar de forma pública as ideias, o exemplar. Vejo ontem a final da NBA. Um toco do LeBron James determina a sequência do Irving, a marcação de um com a qualidade do outro. Senso de equipe. Nós precisamos ter senso de equipe. Aí sim, seja ele num clube qualquer ou na Seleção”.
Comando nas Olimpíadas
“Era muito fácil o técnico alinhavar uma situação, prever estar na Olimpíada, e trazer louros. Se ganha, medalha de ouro. Senão, tem desculpa pronta de ter assumido em cima da hora. Isso eu não faço. A prioridade é a Seleção Brasileira e desenvolver trabalho em cima da classificação. Preciso ajustar, estar dentro dessa situação o mais rápido possível”.
Disputa das Eliminatórias
“O foco é a classificação para o Mundial. Não estamos na zona de classificação. Acredito que trabalho vá dar condição, mas claro que corremos risco. Se não aceitar possibilidades vai fugir da realidade. Estou aqui porque o resultado não veio”.