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Trump, o mundo e o Brasil

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13/11/2024 7h07

trump

Foto: Jim WATSON / AFP

O mundo está cada vez mais protecionista, estando cada país implantando medidas de proteção do emprego e da produção locais, em detrimento do livre comércio mundial. 

Este movimento tende a ser maior agora em função da vitória do Trump, que vai dirigir o país mais rico do mundo. Tudo indica que Trump aumentará as tarifas de importação em geral, principalmente as da China e reduzirá impostos de alguns setores.

A expectativa é que estas medidas aumentem o já elevado déficit público e pressionem a inflação nos EUA. Em decorrência, deverá haver menor espaço para a redução dos juros pelo banco central americano (FED).

Aliás, Trump tem dito que o governo também precisa opinar sobre a fixação de juros pelo FED. Lá, a independência do FED é um ponto amplamente defendido pelo Congresso, mas, dada a vitória folgada de Trump em todas as casas legislativas, já há avaliações de que aquela independência está ameaçada.

Deveremos esperar no futuro mais dificuldades nos fluxos de mercadorias, com pressão sobre a inflação, os juros e a atividade econômica no mundo inteiro.  

A expectativa não é a das melhores daqui para a frente, sobretudo para os países emergentes e exportadores como o Brasil. Nosso banco central acaba de elevar a SELIC para 11,25%a.a., alegando que o ambiente externo é desafiador, em decorrência das incertezas advindas dos EUA, e que é preciso adotar medidas para equilibrar as contas públicas. Rigorosamente, não precisava aumentar os juros, que já estão elevados.

Mas há antídotos para enfrentarmos as dificuldades: (i) avançar com as reformas estruturais, inclusive a fiscal; (ii) aumentar os investimentos em infraestrutura; (iii) avançar com acordos bilaterais, como o Mercosul-UE e (iv) intensificar relações com os países dos BRICS+, que detém hoje 36% do PIB mundial, percentual maior do que o obtido pelos países do G7 (29%).

Roberto Figueiredo Guimarães, diretor da ABDIB e ex-secretário do Tesouro Nacional

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