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Hamas adia próxima libertação de reféns e Israel se prepara para qualquer cenário

No sábado, um dirigente político do alto escalão do Hamas, Bassem Naim, acusou Israel de colocar “em perigo” o cessar-fogo

Redação Jornal de Brasília

10/02/2025 19h30

hamas

Foto: AFP

O movimento palestino Hamas anunciou, nesta segunda-feira (10), o adiamento por tempo indeterminado da próxima libertação de reféns israelenses prevista no âmbito da trégua em Gaza, provocando a ira de Israel, que ordenou o Exército a se preparar para “qualquer cenário”.

Apesar do anúncio inicial de seu braço armado, o Hamas declarou algumas horas depois que “a porta estava aberta” para uma nova troca no sábado, caso Israel “cumpra suas obrigações”.

“O Hamas fez esse anúncio [de adiamento] de propósito, cinco dias antes da data prevista para a entrega dos prisioneiros, a fim de dar tempo suficiente aos mediadores para pressionar Israel”, acrescentou o grupo em seu último comunicado.

O Exército israelense, por sua vez, disse que a área do entorno da Faixa de Gaza será “reforçada significativamente” depois do anúncio do Hamas.

“De acordo com a avaliação da situação, ficou decidido aumentar o nível de alerta […] Adicionalmente, a área será reforçada significativamente com forças adicionais para missões defensivas”, afirmou o Exército em nota.

O Egito rejeitou nesta segunda “qualquer compromisso” que afete os direitos dos palestinos, em comunicado publicado pouco depois de um encontro entre o seu ministro das Relações Exteriores, Badr Abdelatty, e seu par americano Marco Rubio em Washington.

“O Egito mantém sua posição de rejeitar qualquer compromisso sobre os direitos [dos palestinos], incluindo o direito à autodeterminação, a permanecer em sua terra e à independência”, acrescentou.

Com a trégua em risco, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou à carga ao afirmar que os palestinos não terão o direito de voltar à Faixa de Gaza, de acordo com sua proposta para tomar o controle do território.

Segundo o acordo que entrou em vigor em 19 de janeiro, após 15 meses de uma devastadora guerra em Gaza, a próxima libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos estava prevista para o sábado.

Os reféns foram sequestrados em 7 de outubro de 2023 por combatentes do Hamas durante seu violento ataque no sul de Israel, que desencadeou o conflito.

“A libertação dos prisioneiros, que estava programada para o próximo sábado, 15 de fevereiro de 2025, será adiada até novo aviso, dependendo do cumprimento do que foi acordado pela ocupação e dos compromissos retroativos das últimas semanas. Reafirmamos o nosso comprometimento com os termos do acordo, desde que a ocupação os cumpra”, declarou Abu Ubaida, porta-voz do braço armado do grupo islamista, as Brigadas Ezzedine al Qassam, em comunicado.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, reagiu denunciando uma “violação total do acordo de cessar-fogo e de libertação dos reféns” e afirmou em nota que o Exército recebeu a ordem de “se preparar para qualquer cenário”.

– Trégua ‘em perigo’ –

No sábado, um dirigente político do alto escalão do Hamas, Bassem Naim, acusou Israel de colocar “em perigo” o cessar-fogo, assegurando que este “poderia ser interrompido e fracassar”.

No mesmo dia, a quinta troca de reféns israelenses em Gaza por prisioneiros palestinos detidos em Israel ocorreu segundo os termos do acordo, alcançado com mediação de Catar, Egito e Estados Unidos.

Três reféns israelenses, visivelmente abatidos, foram libertados em uma nova cerimônia organizada pelo Hamas em troca de 183 palestinos.

O ataque de comandos islamistas em 7 de outubro de 2023 provocou a morte de 1.210 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os comandos do Hamas também sequestraram 251 pessoas, das quais 73 ainda estão em Gaza, incluindo 34 que teriam morrido, segundo o Exército.

A ofensiva de retaliação lançada por Israel causou pelo menos 48.209 mortes em Gaza, também civis em sua maioria, segundo dados do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

– Voltar a Gaza –

Desde o início do cessar-fogo em janeiro, 16 reféns israelenses foram libertados em troca de 765 prisioneiros, em sua maioria palestinos.

Segundo o acordo, outros 17 reféns deveriam ser libertados antes do fim da primeira fase da trégua, de 42 dias.

A segunda fase deveria levar à libertação de todos os reféns e ao fim definitivo da guerra, mas as negociações previstas sobre essa etapa ainda não começaram.

Na semana ada, Trump afirmou durante a visita de Netanyahu a Washington que os Estados Unidos tomariam o “controle” de Gaza para desenvolver a economia do território devastado, propondo transferir sua população para o Egito e a Jordânia.

Um trecho de uma entrevista ao canal Fox News transmitida nesta segunda-feira mostra que o presidente teria dito que os palestinos não teriam o direito de voltar a Gaza “porque vão ter moradias muito melhores”.

© Agence -Presse

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