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Governo Trump deixa de colaborar com supervisão de reforma policial focada em direitos de pessoas negras

A decisão representa um recuo nas políticas de responsabilização policial implementadas após os assassinatos de George Floyd e Breonna Taylor, que eram negros, nas duas cidades, em 2020

Redação Jornal de Brasília

21/05/2025 21h07

Jim Watson/AFP

Foto: Jim Watson/AFP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O governo de Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (21) o fim de um acordo para supervisão federal sobre os departamentos da polícia de Minneapolis e Louisville mesmo após investigações terem apontado que ambas as corporações violaram de forma rotineira os direitos civis da população negra.

A decisão representa um recuo nas políticas de responsabilização policial implementadas após os assassinatos de George Floyd e Breonna Taylor, que eram negros, nas duas cidades, em 2020. Os casos levantaram debates sobre racismo nas corporações e motivaram protestos massivos dentro e fora dos Estados Unidos.

Harmeet Dhillon, procuradora-geral no Departamento de Justiça, afirmou que o controle das polícias deve permanecer com as comunidades locais, não com “burocratas que não foram eleitos”. Disse ainda que a pasta vai encerrar processos contra as duas cidades e retirar as conclusões anteriores que apontavam violações constitucionais. A medida atinge também outras seis forças policiais nos estados de Arizona, Tennessee, Nova Jersey, Nova York, Oklahoma e Louisiana, cujos inquéritos por abusos serão encerrados.

“A microgestão federal da polícia local deve ser uma rara exceção, não a norma”, disse Dhillon a repórteres.

Minneapolis e Louisville, que aceitaram firmar acordos com o governo durante a gestão de Joe Biden, informaram que pretendem manter os compromissos com a reforma policial mesmo sem a supervisão federal.

O prefeito de Minneapolis, o democrata Jacob Frey, disse que a cidade está comprometida com a transformação da polícia, o que não será barrado “por Trump nem por ninguém em Washington”. Em Louisville, o prefeito Craig Greenberg, também democrata, anunciou a contratação de um monitor independente, no valor de US$ 750 mil (R$ 4,2 milhões), para acompanhar a implementação das mudanças. Nos dois casos, os acordos preveem modificações no treinamento, nos protocolos de uso da força e nos sistemas internos de disciplina.

A decisão do governo Trump foi anunciada às vésperas da data que marca cinco anos da morte de Floyd, no próximo domingo (25). Ele foi assassinado em Minneapolis por Derek Chauvin, um policial branco que o sufocou com o joelho por quase nove minutos. A vítima chegou a dizer, várias vezes, que não estava conseguindo respirar. Sua frase, que virou slogan do movimento antirracista, foi ignorada.

Quatro policiais foram condenados após a morte de Floyd, sendo que Chauvin, que o sufocou com o joelho, foi sentenciado a 22 anos e meio de prisão. No caso de Breonna nenhum agente foi acusado de envolvimento no crime, mas, em agosto de 2022, o Departamento de Justiça acusou quatro agentes de violar direitos civis por ter “colocado em perigo” a vizinhança.

O fim da supervisão motivou críticas de ativistas e defensores dos direitos civis. Ben Crump, advogado das famílias de Floyd e Breonna, afirmou que a decisão do Departamento de Justiça “tenta apagar a verdade” e “contradiz os princípios fundamentais da justiça”.

Para ele, os acordos não eram gestos simbólicos, mas respostas concretas a anos de mobilização e sofrimento das comunidades impactadas. As medidas também expõem um vazio deixado pela gestão Biden: embora 12 investigações por padrão de abuso policial tenham sido iniciadas em seu mandato, nenhuma delas resultou em acordos vinculativos com os tribunais, o que facilitou sua reversão.

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