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Dólar e Bolsa fecham em alta após recuo de Trump em tarifas contra a União Europeia

O tarifaço de Trump continuou a pautar as negociações no mercado. No domingo, o republicano concordou em estender o prazo para negociações comerciais com a UE até 9 de julho, atendendo ao pedido da presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen

Redação Jornal de Brasília

26/05/2025 18h35

Foto: banco de imagens

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar fechou em alta de 0,53% nesta segunda-feira (26), feriado nos Estados Unidos. A cotação final de R$ 5,675 refletiu a decisão do presidente Donald Trump de adiar a implementação de tarifas de 50% sobre a União Europeia para julho, bem como o rescaldo da reforma do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na cena doméstica.

Já a Bolsa avançou 0,22%, a 138.136 pontos.

O tarifaço de Trump continuou a pautar as negociações no mercado. No domingo, o republicano concordou em estender o prazo para negociações comerciais com a UE até 9 de julho, atendendo ao pedido da presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen.

A chefe do órgão executivo da UE disse que “um bom acordo” demandaria mais tempo, depois que Trump afirmou, na sexta-feira, que tarifas de 50% sobre produtos do bloco começariam a incidir em 1º de junho.

A jornalistas, Trump disse que as conversas começariam “rapidamente”.

Em 2 de abril, no autoproclamado Dia da Libertação, o presidente norte-americano impôs uma taxa recíproca de 20% sobre a maioria dos produtos da UE. A escalada para 50%, na sexta, foi em resposta à insatisfação do presidente sobre o ritmo das negociações comerciais.

O recuo marcou outro alívio temporário para os mercados, mas também foi um lembrete da postura errática do republicano em relação à política comercial global. A expectativa, agora, é por anúncios de novos acordos, depois que já foram acertados entendimentos com o Reino Unido e com a China.

Os efeitos desse recuo, porém, foram diluídos nesta sessão em virtude do feriado Memorial Day, que fechou as negociações nos Estados Unidos. Como consequência, os investidores estiveram mais cautelosos em fazer grandes apostas em qualquer direção.

O índice DXY -que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes- tinha leve recuo de 0,11%, a 99 pontos.

Na cena doméstica, os operadores ainda mantiveram no radar o recuo do governo federal em relação às medidas de aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em operações cambiais.

Na quinta (22), com o mercado à vista de câmbio já fechado, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) baixou um decreto para aumentar o IOF de uma série de operações de câmbio e crédito de empresas, com previsão de arrecadação de R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026. Também foi divulgado o congelamento de R$ 31,3 bilhões de despesas do Orçamento deste ano.

As mudanças levaram o dólar futuro a acelerar antes do fechamento, às 18h. Diante dessa e de outras repercussões negativas no mercado, o governo convocou uma reunião de emergência e decidiu rever parte das medidas sobre o IOF.

Houve a reversão para zero de uma alíquota de 3,5% anunciada na véspera sobre aplicações de fundos de investimentos do Brasil em ativos. A mudança deve reduzir o ganho de arrecadação em aproximadamente R$ 6 bilhões até 2026.

As operações com cartões de crédito e débito internacionais, cartão pré-pago internacional, cheques de viagem para gastos pessoais, cuja alíquota ou de 3,38% para 3,5%, serão mantidas.

Em entrevistas a jornalistas em São Paulo na manhã de sexta, Haddad afirmou que o governo não tem problema em corrigir rota, “desde que o rumo traçado pelo governo seja mantido”.

Segundo noticiou a Folha de S.Paulo, a decisão de recuar também foi motivada pelo receio de que o episódio pudesse repetir a experiência traumática da crise do Pix, em janeiro, quando a disseminação de fake news sobre o tema prejudicou a popularidade do presidente.

Mesmo com o alívio das medidas, o mercado ainda refletiu as incertezas com o cenário fiscal do país.

Na perspectiva de Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o recuo do governo reforçou a impressão de desorganização e falta de direção clara. “Isso mostra que não há muito norte, está realmente bagunçado.”

Já Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Pine, vê que o aumento do IOF demonstra que o governo não está disposto a fazer um ajuste fiscal pela ótica de corte de gastos, mas pelo aumento de arrecadação de impostos, o que torna a medida uma ferramenta rápida, porém controversa, para o ajuste fiscal.

“Embora contribua para o equilíbrio fiscal, o uso do IOF como instrumento arrecadatório cria precedentes problemáticos e amplifica a percepção de incerteza tributária, especialmente num contexto em que os ajustes fiscais recaem cada vez mais sobre elevação da carga tributária”, afirmou.

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