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Mundo

Brasil pede à China que limite embargo de frango a município com foco da gripe aviária

O acordo sino-brasileiro prevê a interrupção nacional das exportações em casos como esse

Redação Jornal de Brasília

20/05/2025 11h15

Foto: Chaideer Mahyuddin/AFP

Foto: Chaideer Mahyuddin/AFP

ANDRÉ BORGES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O governo brasileiro pediu à China que reveja o embargo nacional de carne de frango brasileira e restrinja a suspensão das importações ao município gaúcho de Montenegro, onde foi detectado o foco da gripe aviária.

Conforme informações obtidas pela reportagem, o pedido foi formalizado na segunda-feira (19), à istração Geral das Alfândegas da China, órgão do governo responsável pela fiscalização e regulação do comércio internacional do país.

Na solicitação encaminhada pela Embaixada do Brasil em Pequim, o governo brasileiro afirma que, em atendimento ao protocolo bilateral que mantém com a China, o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) suspendeu a emissão nacional de certificados sanitários para exportações de carne de frango, imediatamente após a confirmação laboratorial do surto identificado no município de Montenegro.

O acordo sino-brasileiro prevê a interrupção nacional das exportações em casos como esse. O pedido feito agora, quatro dias depois da comunicação inicial, é para que os chineses revejam o embargo e, como ocorre com outros países, com o Japão, adote o critério regional de suspensão.

Ao defender a revisão do critério, a embaixada detalha as medidas tomadas, incluindo os protocolos de confirmação, procedimentos de investigação epidemiológica e as ações sanitárias em curso. As ações incluem a interdição das instalações afetadas, eliminação das aves, desinfecção sanitária e intensificação da vigilância em um raio de 10 km. Ao todo, 17 mil aves foram mortas e 70 mil ovos foram destruídos, para se evitar a propagação.

“Considerando as robustas medidas técnicas adotadas, o Brasil gostaria de explorar respeitosamente a possibilidade de uma abordagem regionalizada para este evento, em alinhamento com os princípios da WOAH (Organização Mundial de Saúde Animal) e os procedimentos previstos no protocolo bilateral referente à carne de frango”, afirma a Embaixada do Brasil em Pequim. “Seríamos gratos se a GACC (istração Geral das Alfândegas da China, na sigla em inglês) pudesse nos informar quais os e documentos seriam necessários para análise desse pedido.”

A China é a maior compradora de frango do Brasil, respondendo sozinha por 10,5% das importações em 2024, quando recebeu 562 mil toneladas. O país é seguido pelos Emirados Árabes Unidos (455 mil toneladas), Japão (443 mil toneladas), Arábia Saudita (370 mil toneladas) e África do Sul (325 mil toneladas).

O governo brasileiro destaca que o surto foi notificado à Organização Mundial de Saúde Animal e aos demais parceiros comerciais, reforçando o compromisso do Brasil com a transparência e a cooperação internacional. “Essa ação rápida reflete a seriedade com que o Brasil trata os riscos sanitários e reafirma a eficiência e credibilidade do serviço veterinário oficial brasileiro na manutenção da integridade do sistema de certificação para exportações.”

A decisão do governo brasileiro de fazer o embargo nacional das exportações para a China segue o mesmo protocolo acordado com a União Europeia, que reúne 27 países. A tendência, portanto, é que o Mapa também solicite o mesmo tipo de regionalização ao bloco europeu.

Essa mesma decisão brasileira se estendeu para África do Sul, Peru, Rússia, República Dominicana, Bolívia, Marrocos, Paquistão e Sri Lanka.

O Brasil vende frango e ovos para cerca de 160 países. Alguns países tomaram a decisão de pedir a paralisação. Até a segunda-feira (19), México, Coreia do Sul, Chile, Canadá, Uruguai, Malásia e Argentina tinham apresentado esse pedido, segundo informações do Mapa.

Já Cuba, Bahrein e Reino Unido fecharam suas compras apenas de produtores do Rio Grande do Sul, enquanto o Japão limitou o embargo ao município de Montenegro.

Há, ainda, países que restringiram a decisão a apenas um raio de 10km em relação ao ponto do surto em Montenegro. É o caso de Cingapura, Filipinas, Jordânia, Hong Kong, Índia, Paraguai e Vietnã.

De cada 100 frangos produzidos no Brasil em 2024, 35 foram vendidos para outros países. Os dois terços restantes são consumidos pelo mercado interno. Os dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) apontam que, em 2024, a produção total de frango no país atingiu 14,97 milhões de toneladas. Desse volume, 5,29 milhões de toneladas foram exportados. A receita obtida com as exportações foi de US$ 9,93 bilhões, um crescimento de 1,34% em valor e de 2,96% em volume, em comparação com 2023.

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