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São Paulo tem 44 casos de oropouche em 2025, aumento de 450% em relação a 2024

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, 44 casos confirmados possuem como local de infecção a região de Registro (Cajati, Juquiá, Miracatu, Eldorado, Pedro de Toledo, Itariri e Sete Barras) e a região do Litoral Norte (Ubatuba)

Redação Jornal de Brasília

22/05/2025 18h25

febre oropouche

Foto: Divulgação/Sesab

LUANA LISBOA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O estado de São Paulo confirmou, neste ano, 44 casos de febre oropouche. O número representa um aumento de 450% em relação aos casos registrados em todo o ano de 2024, quando o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) notificou oito casos da doença no estado.

Os casos são autóctones, ou seja, ocorreram no próprio local onde os pacientes vivem, sem histórico de deslocamento para regiões com maior reincidência da doença. Uma morte está em investigação.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, 44 casos confirmados possuem como local de infecção a região de Registro (Cajati, Juquiá, Miracatu, Eldorado, Pedro de Toledo, Itariri e Sete Barras) e a região do Litoral Norte (Ubatuba).

Em 2024, os casos foram todos na região do Vale do Ribeira (Cajati, Juquiá, Pedro de Toledo e Sete Barras) e não houve registro de óbitos.

A arbovirose é causada pela picada do mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim, infectado com o vírus. O oropouche é conhecido por ser endêmico em algumas regiões da América Latina, especialmente a Amazônia.

No entanto, o vírus tem avançado para outras regiões, o que mostra que tanto o vírus quanto o mosquito transmissor estão rompendo barreiras geográficas que antes os restringiam, afirma Alexandre Naime Barbosa, chefe de departamento de infectologia da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia.

“O mosquito-pólvora é muito pequeno, quase invisível a olho nu, e tem se mostrado capaz de se adaptar cada vez mais aos ambientes urbanos. Isso facilita a disseminação da doença em áreas densamente povoadas, especialmente onde há deficiências em saneamento e muita movimentação de pessoas”, diz.

No ano ado, o Ministério da Saúde confirmou as primeiras duas mortes pela doença no mundo, que ocorreram na Bahia. Os casos foram de mulheres do interior com menos de 30 anos, sem comorbidades, mas que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.

Segundo Barbosa, esse número de casos em São Paulo ainda não é um alto em termos absolutos, mas é um crescimento expressivo e que acompanha uma tendência nacional.

Nesta quarta-feira (21), o estado do Rio de Janeiro registrou mais duas mortes causadas pela febre oropouche.

Este ano, até então, o Ministério da Saúde confirmou 10.076 casos no Brasil, número, por enquanto, menor que o registrado em todo o período de 2024 (13.853). A quantidade já supera, no entanto, os casos de 2023 (833).

Especialistas ressaltam que a febre oropouche está sob muito mais vigilância do que no ado, com a ampliação dos testes diagnósticos e o aumento da conscientização entre profissionais de saúde, o que pode explicar, em partes, esse aumento.

No ano ado, estudo assinado por pesquisadores da Fiocruz Amazônia (Fundação Oswaldo Cruz) e da Unicamp (Universidade de Campinas) apontou que uma nova variante do vírus que transmite febre oropouche (Orov) se replicou cerca de cem vezes mais em células de mamíferos em comparação à cepa original.

A maior disseminação na região amazônica pode ser explicada também por fatores ambientais, hipótese a ser confirmada em estudos posteriores. Pesquisadores dizem que eventos climáticos extremos se tornaram mais frequentes na Amazônia, o que pode ter alterado a dinâmica de transmissão endêmica e epidêmica do vírus.

A doença gera alerta também devido às evidências da transmissão vertical do vírus, o que reforça a necessidade de que todos os casos de malformações no país sejam notificados e investigados.

Em 2024, um bebê nascido no Acre foi diagnosticado com anomalias congênitas associadas à transmissão vertical da febre do oropouche, segundo o Ministério da Saúde.

A criança morreu após 47 dias do nascimento.

Além da microcefalia, o bebê também nasceu com malformação nas articulações e outras anomalias -semelhantes aos casos envolvendo o zika vírus de 2015 a 2018.

A doença se manifesta com sintomas que podem incluir febre alta, dor de cabeça intensa, dores no corpo e nas articulações, diarreia, tontura, náuseas e, em alguns casos, erupções cutâneas.

Para a prevenção, a Secretaria Estadual de Saúde recomenda o uso de roupas claras que cubram a maior parte do corpo e o uso de repelente nas áreas expostas, limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, recolhimento de folhas e frutos que caem no solo e o uso de telas de malha fina em portas e janelas.

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