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Cinema com ela
Cinema com ela

Romance, beleza e amadurecimento no drama canibal “Até os Ossos”

O diretor Luca Guadagnino mostra empatia e sensibilidade em produção sobre canibalismo

Tamires Rodrigues

24/11/2022 8h00

Atualizada 28/11/2022 15h03

Foto: Divulgação/Warner Bros Pictures

Luca Guadagnino se mantém como um dos melhores diretores da atualidade com uma filmografia primorosa como ótimo “Me Chame Pelo Seu Nome” (2017) ou o remake de “Suspiria” (2018). Sua nova produção “Até os Ossos”, baseado no romance juvenil homônimo de Camille DeAngelis, retrata a vida de pessoas que precisam conviver com o canibalismo, Guadagnino lança um impecável exemplo do cinema de gênero mais uma vez encontrando dentro do horror uma forma de ver a beleza.

Maren (Taylor Russell) se vê abandonada pelo seu pai (André Holland) depois de um acidente na casa de uma colega, sozinha ela começa uma road trip em busca de sua mãe. Ao longo do caminho ela conhece pela primeira vez uma pessoa que precisa conviver com a mesma situação que ela, Sully (Mark Rylance) um homem mais velho gentil e totalmente desequilibrado que já entendeu como o canibalismo é uma necessidade básica para a sua sobrevivência acaba oferecendo ajuda para a adolescente. Contudo Maren não se sente confortável ao lado de Sully e foge novamente conhecendo assim o jovem desajustado Lee (Timothée Chalamet) com quem ela descobre o primeiro amor.

Foto: Divulgação/Warner Bros Pictures

Roteiro 

No longa, o canibalismo não é uma situação mental essas pessoas não tem controle é algo físico que elas precisam fazer para sobreviver, Maren junto com o seu parceiro Lee nunca são tratados como assassinos toda a questão deles é humanizada em alguns momentos o público vai entender e até sentir empatia por eles. “Até os Ossos” poderia sim ser só mais um road movie, Guadagnino e o roteirista David Kajganich acertam em cheio ao retratar como essas pessoas vivem ao serem esquecidas ou simplesmente não vistas, Maren e Lee encontram pelo caminhos exemplos claros de como pode ser o futuro deles como Jake (Michael Stuhlbarg, ameaçador) e seu parceiro Brad (David Gordon Green) sem dúvida uma das melhores participações dos últimos tempo a tensão que rodeia nessa cena específica mostra todo o trabalho de composição do processo dos canibais. 

Com essa participação o título do filme “Até os Ossos” e explicado, essas população de canibais seguem regras, têm seus próprios costumes e até lendas uma delas é a de devorar o corpo de uma pessoa não deixando nada para trás nem mesmo os ossos — aqui o roteirista David Kajganich quis mostrar de forma mais aprofundada do processo deles.

Maren e Lee são vistos de forma trágica, eles não querem matar mas precisam sobreviver, Guadagnino retratou esse amor juvenil que precisa se afastar de suas famílias por questões óbvias quase como Romeu e Julieta, o canibalismo também é algo herdado, uma sociedade morta como um pano de fundo para o romance do casal.

Foto: Divulgação/Warner Bros Pictures

Elenco

Taylor Russell conhecida por “Palavras nas Paredes do Banheiro” (2020), está simplesmente incrível, esse drama de uma jovem abandonada pelo pais, rodeada por homens que nem sempre querem o seu bem, Russell desponta como uma das melhores atrizes da sua geração. Além disso, a atriz ganhou o prêmio Marcello Mastroianni de Melhor Jovem Atriz no Festival de Veneza 2022, por sua atuação em “Até os Ossos”.

Timothée Chalamet indicado como Melhor Ator pelo seu desempenho em “Me Chame Pelo Seu Nome” (2017), já participou de uma série de grande produções como “Duna” (2021) e “Beautiful Boy” (2018), já está mais do que claro que é um grande ator e isso continua na sua segunda parceria com Luca Guadagnino, seu personagem é complexo por sua relação com a família e mesmo assim ajuda Maren sem pensar em si mesmo.

O grande destaque do longa fica com Mark Rylance que dá vida para Sully o ator veterano ganhador do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Ponte dos Espiões” (2015), eleva a atuação da dupla jovem em 100% quando aparece, ele está impecável como esse canibal desequilibrado mas gentil que sente algo como uma ligação profunda com a personagem de Russell, ele não tem muito tempo de tela, mas isso não atrapalha o seu memorável desempenho. 

Trilha sonora

Como qualquer bom road movie, a trilha sonora precisa estar a altura e isso não é diferente em “Até os Ossos”, logo no primeiro trailer a música de fundo “You Want It Darker” de Leonard Cohen já deu uma ideia de como seria a trilha. Produzida por The Null Corporation, é composta pelos vencedores do Oscar, Trent Reznor e Atticus Ross, as faixas são montadas como uma espécie de conexão entre os sentimentos apresentados em cena como a música “Lick it Up” do Kiss ou “Atmosphere” Joy Division e é claro a faixa original “Good and Destroyed” de Trent Reznor e Atticus Ross que faz com que aumente a tensão em muitos momentos.

Conclusão

“Até os Ossos” é um filme sobre canibalismo, mas é muito mais do só isso, além das grandes atuações. Guadagnino conseguiu apresentar um longa nada óbvio, mostrando que existe beleza no diferente quase como uma poesia dramática, horrorosa e romântica. Recentemente o longa ganhou o Leão de Prata de Melhor Direção no Festival Internacional de Cinema de Veneza 2022.

Confira o trailer: 

Ficha técnica:

Direção: Luca Guadagnino;

Roteiro: David Kajganich;

??Elenco: Taylor Russell, Timothée Chalamet, Mark Rylance, Michael Stuhlbarg, André Holland, Jessica Harper, Chloë Sevigny, sca Scorsese e David Gordon Green;

Gênero: Terror, Romance;

Distribuição: Warner Bros Pictures;

Duração: 2 horas e 10 minutos;

 Classificação Indicativa: 18 anos;

Assistiu à pré-estreia a convite da Espaço/Z

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