Filmes do gênero terror são possivelmente um dos mais explorados nos últimos anos. Continuações, prequels, remakes, não faltam exemplos de fórmulas relativamente simples que deram errado, como a última trilogia de “Halloween” que só o primeiro se salva ou o fracasso completo de “O Exorcista: O Devoto”. Mas convenhamos que às vezes algo de bom chega para acalentar os fãs. Nesta quinta-feira (4), estreia “A Primeira Profecia”.
O longa é um prequel do clássico de 1976 “A Profecia”, dirigido por Richard Donner. Mas sem dúvidas nenhuma caminha com suas próprias pernas com a excelente direção da estreante Arkasha Stevenson ao lado da atriz principal, Nell Tiger Free.

Uma jovem americana, Margaret, é enviada a Roma para viver a serviço da igreja. Mas durante esse processo, ela se depara com uma escuridão que a faz questionar sua fé e acaba descobrindo uma conspiração tenebrosa que espera trazer à tona o mal encarnado, o chamado anticristo.
O próprio argumento da trama já é forte o suficiente para fazer sentido o plano da seita cristã. No começo dos anos 1970, Roma estava ando por protestos estudantis que mostram como as coisas estão mudando. A sociedade não está mais interessada na igreja, essa parte fica mais como um pano de fundo, mas faz total sentido com o cenário colocado dentro da religião distorcida na produção.

A ambientação é outro ponto fortíssimo do longa, com a fotografia granulada e o alto contraste, a diretora Arkasha Stevenson compõe uma série de elementos assustadores. Não é aquele medo bobo e infantil do “jump scare”, pelo contrário, o uso da câmera gera uma angústia que pode até enganar os olhos e distorcer o que realmente merece o destaque.
Já que estamos falando de uma produção encabeçada por duas mulheres, era de se esperar um cuidado com uma crítica velada. Sim, Stevenson coloca todo o desespero sobre o corpo feminino, de forma desumanizada. Até durante os partos apresentados não existe a mulher de modo geral, somente o seu corpo. Esse é o foco da trama, a violação do corpo da mulher de dentro para fora e a discussão da reprodução forçada.

Nell Tiger Free dá um show de atuação, ela sabe que o body horror está presente e usa o sub-gênero de forma primorosa. É de revirar os olhos!
Destaque também para a talentosa atriz nacional, Sônia Braga como irmã Silvia, sem dúvidas uma grande atuação.
Conclusão
“A Primeira Profecia” é um sopro positivo para o gênero do terror sobrenatural com pinceladas psicológicas. Stevenson e Free são uma dupla poderosa e a franquia ganha novas possibilidades significativas.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Arkasha Stevenson;
Roteiro: Michael Brandt;
Elenco: Nell Tiger Free, Bill Nighy, Tawfeek Barhom, Sônia Braga;
Gênero: Terror;
Duração: 119 minutos;
Distribuição: 20th Century Studios;
Classificação indicativa: 18 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z