Com “O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim”, o universo de J.R.R. Tolkien ganha uma nova dimensão, não só em termos de narrativa, mas também na maneira como se apresenta visualmente. A animação dirigida por Kenji Kamiyama, que tem em seu portfólio obras como “Ghost in the Shell: Complexo autônomo” e “Blade Runner: Lótus Negra”, combina o melhor do estilo tradicional de anime com cenários 3D deslumbrantes, oferecendo uma experiência cinematográfica única. Mais do que uma prequela, este filme se apresenta como uma obra independente que respira frescor e originalidade dentro de um universo já consagrado.
Situado cerca de 200 anos antes dos eventos de “O Senhor dos Anéis”, a trama de “A Guerra dos Rohirrim” se desenrola na terra de Rohan e se concentra nos conflitos políticos e familiares que resultam em uma guerra devastadora. O enredo gira em torno de Héra, uma jovem princesa de Rohan, e de seu trágico envolvimento em uma luta pelo poder que ameaça destruir seu reino. Seu pai, Helm Hammerhand, é o rei temperamental dos Rohirrim, e sua amizade com Wulf, filho do senhor de Dunland, é destruída por um incidente sangrento que acende as chamas de uma vingança mortal. O cenário está pronto para uma tragédia shakespeariana, marcada por traições, batalhas e decisões irreparáveis.

Kamiyama e sua equipe de roteiristas, incluindo Jeffrey Addiss e Will Matthews, conseguem tecer uma história independente e imersiva que honra as raízes de Tolkien, mas não depende do conhecimento prévio do espectador sobre a franquia original ou “O Hobbit”. Mesmo os novatos na obra de Tolkien podem se perder na riqueza de detalhes e personagens com a mesma facilidade que os fãs de longa data, que encontrarão conexões com o universo já bem conhecido.

No entanto, o grande destaque do filme é, sem dúvida, sua animação. A fusão de técnicas 2D e 3D é uma verdadeira obra-prima, criando cenas de ação que são tanto espetaculares quanto emocionantes. As batalhas épicas entre os Rohirrim e os Wildmen são magnificamente coreografadas, com um cuidado extremo nos detalhes táticos que tornam o conflito militar tão envolvente quanto os momentos de ação. As cenas no Abismo de Helm, em particular, evocam memórias das grandes batalhas de “O Senhor dos Anéis: As Duas Torres”, mas aqui, a animação ganha uma nova vida, rica em texturas e efeitos que garantem uma estética artística raramente vista em filmes do gênero.

A animação não é apenas um deleite visual, mas também um elemento crucial para reforçar a imersão. A interação entre os personagens tradicionais de anime e os cenários 3D é impressionante, criando um contraste que nunca se sente forçado. As batalhas, cobertas por neve ou envoltas em chamas, combinam perfeitamente os dois estilos, proporcionando uma estética única e visualmente cativante que remete aos filmes de “Spiderverse”, onde a arte e a história se fundem para criar uma obra inesquecível.
Conclusão
Por fim, “O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim” não é apenas uma obra para os fãs do universo de Tolkien. É uma celebração do legado de um autor cujas histórias têm ecoado por gerações, agora revitalizadas por uma direção criativa inovadora. A obra é uma rara combinação de narrativa rica, personagens envolventes e visuais de tirar o fôlego. Este é um filme que vale a pena ser assistido, tanto por iradores da franquia quanto por aqueles que buscam uma nova forma de contar histórias épicas no cinema. Um verdadeiro espetáculo para os olhos e a alma.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Kenji Kamiyama
Roteiro: Phoebe Gittins, Arty Papageorgiou; Elenco: Brian Cox, Gaia Wise, Miranda Otto; Gênero: Ação, Aventura
Duração: 134 minutos;
Distribuição: Warner Bros. Pictures; Classificação indicativa: 14 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z