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Cinema com ela
Cinema com ela

“O Homem Cordial” é uma discussão crítica sobre os diversos problemas sociais do país

Novo longa do diretor brasiliense Iberê Carvalho estreia nesta quinta-feira (11) com Paulo Miklos como protagonista

Tamires Rodrigues

11/05/2023 7h53

Foto: Divulgação/O2 Play

O cinema está cada dia mais político. A sétima arte nunca abraçou tantos pontos da realidade como antes. Neste sentido, estreia, nesta quinta-feira (11) o filme “O Homem Cordial”, do diretor brasiliense Iberê Carvalho. Protagonizado por Paulo Miklos (ex-vocalista da banda Titãs), o longa aborda injustiça social, racismo, fake news e cultura do cancelamento.

Gravado em 2018, o filme ou por uma série de dificuldades para ser lançado, principalmente pelo fato da pandemia fechar várias salas de cinema e do último governo paralisar todas linhas de fomento e de financiamento da distribuição das produções cinematográficas nacionais.

O filme se a em uma só noite, em São Paulo-SP. Aurélio Sá (Paulo Miklos) é o vocalista de uma banda de punk rock que tem sido sistematicamente perseguido devido à morte de um policial, na qual ele estaria envolvido. Apesar das constantes ameaças, Aurélio sempre negou ter qualquer tipo de envolvimento no crime. Um dia, ao tentar fugir de manifestantes, ele conhece a jornalista Helena (Dandara de Morais), que deseja não apenas ouvir o lado do cantor, mas também contar com sua ajuda para encontrar o pequeno Mateus (Felipe Kenji), um garoto que está desaparecido desde a confusão.

O título do filme pode gerar certa estranheza logo de início, mas faz todo o sentido quando você assiste. “O Homem Cordial” não representa só o protagonista, mas todos os seres que se movem pelo afeto à sua volta, e isso pode trazer relações de conflito e de violência. Este título, criado a partir do conceito criado por Sérgio Buarque de Holanda no livro “Raízes do Brasil”, publicado em 1936, é um convite ao público para refletir sobre a nossa identidade. 

Foto: Divulgação/O2 Play

Iberê Carvalho, além de a direção, também escreveu o roteiro ao lado de Pablo Stoll Ward. Toda a trama é pensada em como uma fake news pode mudar a vida de alguém e de que maneira a internet se tornou um tribunal em relação à cultura do cancelamento. Iberê traz alguns argumentos significativos para os tempos atuais, como por exemplo o corte do filme — o público não entende o que está acontecendo e nem quando toda essa questão inicial começou, assim como na vida real, onde ninguém sabe quem criou os primeiros vídeos, quem inventou a primeira hashtag, etc. Somente no fim do longa é possível entender o que realmente aconteceu.

Nos primeiros blocos, a câmera está voltada para o protagonista Aurélio, vivido por Paulo Miklos. Para os outros personagens aparecerem, eles precisam estar junto dele. A ideia foi criar a sensação de bolha e de “eu só vejo o que está na minha frente, não tem como eu entender a realidade do outro nem me importo com isso”. Mas tudo muda quando Maria (Roberta Estrela D’Alva) entra em ação. Maria é mãe de Mateus, o garoto desaparecido. Ela mostra a Aurélio que a vida é muito além do que ele consegue enxergar. Nisso, o corte do filme muda, e todo o elenco entra em cena.

Paulo Miklos vive esse roqueiro que fez sucesso nos anos de 1980 e 1990. Como já é muito famoso e se encontra numa classe social muito alta, não percebe mais o que acontece no seu bairro e nem nos shows. Isso faz muito sentido, já que as bandas rebeldes das décadas em questão eram compostas em sua maioria por brancos, que falavam o que queriam para um público idêntico a eles.

Pela atuação, Miklos levou o prêmio de melhor ator no Festival de Gramado de 2019.

Foto: Divulgação/O2 Play

“O Homem Cordial” deixa mais perguntas do que respostas. A proposta de mostrar a atual realidade brasileira já se percebe logo no início, como pessoas apontando o dedo, com celulares na mão, sem querer ver o outro lado e já fazendo suposições. O filme também faz uma crítica ao racismo através de uma discussão sobre a branquitude com raça e como ela é fundamental para um discurso antirracista.

Conclusão 

“O Homem Cordial” é um filme que, mesmo com os atrasos, chega no momento certo. Reflete os últimos anos no Brasil e como a internet pode mostrar um lado mais sombrio pelo anonimato. Iberê, já conhecido pelo ótimo “O Último Cine Drive-in” (2015), entrega um longa com muitos questionamentos e se mostra muito seguro na direção.

Confira o trailer:

Ficha técnica:

Direção: Iberê Carvalho;

Roteiro: Pablo Stoll e Iberê Carvalho;

Elenco: Paulo Miklos, Thaíde, Dandara de Morais, Thalles Cabral, Theo Werneck, Fernanda Rocha, Bruno Torres, Murilo Grossi, Mauro Shames, Felipe Kenji, Tamirys O’Hanna, André Deca;

Gênero: Drama, Suspense;

Distribuição: O2 Play;

Duração: 83 minutos;

Classificação Indicativa: 14 anos;

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