Desde o início de 2023, obras nacionais têm preenchido salas de cinema devido ao atraso de suas estreias durante os anos mais fortes da pandemia e a falta de investimento do governo anterior para com a sétima arte. Nos últimos meses, mais de 10 produções foram lançadas, mas, infelizmente, os desempenhos acabam sendo desanimadores para filmes brasileiros, mesmo para os longas com propostas mais comerciais que acabam ficando poucas semanas ou até mesmo uma semana disponíveis em grandes salas de exibições.
Nesta quinta-feira (13), estreia “O Lodo”, do diretor mineiro Helvécio Ratton; Baseado no conto de Murilo Rubião, o longa gira em torno de uma atmosfera gótica e kafkiana e traz o elenco do Grupo Galpão.
Manfredo (Eduardo Moreira), um pacato funcionário de uma companhia de seguros, procura um psiquiatra, o Dr. Pink (Renato Parara) para tratar uma depressão. O médico afirma que ele tem um verdadeiro lodaçal dentro de si e quer saber de seu ado, mas há algo que Manfredo não deseja revelar. O paciente se irrita com a insistência do Dr. Pink, sente raiva e medo do médico, mas não consegue se livrar dele, paralisado por uma culpa que carrega e procura esquecer. O Dr. Pink a então a persegui-lo, até mesmo em terríveis pesadelos. O ado volta de repente e a vida de Manfredo se transforma num verdadeiro inferno.

Helvécio Ratton apresenta um enredo com mais perguntas do que respostas que brinca com o espaço temporal que desafiam a realidade da trama, o público ficará confuso sobre a relação entre paciente e psiquiatra dos personagens principais, Manfredo e o Dr. Pink, esse é o objetivo pois para quem conhece os textos de Murilo Rubião sabe que essa questão dos personagens já é corriqueira.
Mesmo o roteiro dando ênfase para o lúdico, todas as situações propostas no filmes são possíveis de acontecerem no mundo real, o longa que deveria ter sido lançado em meados de 2020, mescla com uma realidade desse período político que ainda podemos ver atualmente, existe essa manifestação do caos, mas a melhor forma de ver “O Lodo” e pensar em um realismo fantástico.

Boa parte do elenco faz parte do Grupo Galpão e essa interação entre eles faz toda diferença para o longa. Um dos maiores destaques fica para Inês Peixoto que vive a irmã de Manfredo, uma mulher má e amarga que faz parte do ado do protagonista e se torna aliada do Dr. Pink.
Lauro Escorel ficou responsável pela fotografia, a maior parte das cenas foi gravada em ambientes fechados, que ressaltam a asfixia emocional do personagem de Eduardo Moreira, além dos tons em cinza que corroboram para seu estado psicológico.
Conclusão
Helvécio Ratton recria em “O Lodo” um ótimo exemplo de realismo e fantasia, que brinca em como o sonho pode se tornar real ou a realidade na verdade pode ser só um sonho e nem sempre essa divisão fica clara mesmo para quem está de fora.
Confira o trailer:
Ficha técnica:
Direção: Helvécio Ratton;
Roteiro: Helvécio Ratton e L.G. Bayão. Adaptação livre do conto “O Lodo”, de Murilo Rubião;
Elenco: Eduardo Moreira, Inês Peixoto, Teuda Bara, Renato Parara, Rodolfo Vaz, Fernanda Vianna, Maria Clara Strambi e Cláudio Márcio;
Gênero: Drama;
Distribuição: Cineart Filmes;
Duração: 94 minutos;
Classificação Indicativa: 14 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Sinny Assessoria