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Cinema com ela
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“Clube dos Vândalos” narra poderosa adaptação de uma era memorável dos motociclistas norte-americanos

Jodie Comer, Austin Butler e Tom Hardy são magnéticos neste drama de luta pelo poder e amor

Tamires Rodrigues

20/06/2024 5h00

Foto: Divulgação/Universal Pictures

Com uma câmera em uma mão e um gravador na outra, o fotojornalista Danny Lyon viajou pelo centro-oeste americano em meados dos anos 60 ao lado dos Outlaws Motorcycle Club, fundado nos subúrbios de Chicago, tirando retratos e fotografias espontâneas enquanto entrevistava membros do grupo. Depois de alguns anos documentando o estilo de vida dos motociclistas, o resultado foi um álbum de fotos chamado “The Bikeriders”, publicado em 1968.

O livro serve como inspiração para o longa “Clube dos Vândalos” de Jeff Nichols, com uma trama poderosa, encabeçada por três atuações memoráveis, o filme transita em forma de narrativa ao estilo de vida dos primórdios dos motociclistas que definiram uma geração.

Foto: Divulgação/Universal Pictures

Na trama, acompanha-se a ascensão dos Vândalos, um clube de motociclistas, sob o olhar de Kathy (Jodie Comer), uma das integrantes do grupo e também casada com Benny (Austin Butler), um motociclista selvagem e imprudente e melhor amigo de Johnny (Tom Hardy), o líder do grupo. Iniciando apenas como um clube local de forasteiros unidos pela paixão pelas motos barulhentas e o respeito por seu líder, ao longo dos anos a vida dos Vândalos se torna mais violenta e gananciosa, ao ponto de se tornarem uma perigosa gangue. Kathy faz o possível para acompanhar a natureza indomável de seu marido, sua cega lealdade a Johnny, e também pela sua atenção, que muitas vezes é voltada apenas para Johnny. Encurralados pelo destino violento do grupo, os três precisam decidir sobre a lealdade do clube e entre si.

Jeff Nichols, que além de a direção, também é o responsável pelo roteiro, afirmou recentemente que o longa é inspirado no clássico moderno “Os Bons Companheiros” (1990) e realmente lembra muito, principalmente por esse amor aos dogmas do grupo, ou pela personagem de Jodie Comer que tem uma vida semelhante à vivida por Lorraine Bracco, que acaba se casando com um mafioso.

Foto: Divulgação/Universal Pictures

O filme ainda lembra outro clássico sobre gangues de motociclistas, “Sem Destino” (1969), contudo, diferente das produções citadas, os personagens descritos por Nichols não têm fim ou missão em vista. Eles simplesmente vagam por aí, se reúnem para “piqueniques” em espaços verdes, transformam-se em lama durante as corridas e brigam com outras gangues com quem mais tarde tomam cervejas como amigos.

O principal trunfo do longa é mostrar a dualidade de vidas vazias, que mesmo buscando propósitos não conseguem alcançar nada palpável. O modo de vida do motociclista não é precisamente ironizado ou satirizado. Embora possa ser acusado de romantizar alguns personagens bastante prejudicados, como no caso do personagem de Austin Butler (o Benny da vida real abusou de sua esposa), “Clube dos Vândalos” não finge que gangues de motociclistas não podem ser perigosas. Contudo, é um o audacioso humanizar figuras que sempre foram marginalizadas em produções cinematográficas.

Foto: Divulgação/Universal Pictures

O trio de protagonistas comanda a produção de forma memorável. Johnny, interpretado por Tom Hardy, parece quase perfeito, seu personagem recebe forte influência de Marlon Brando como em “O Selvagem” (1953) e claramente na trilogia de “O Poderoso Chefão” na maneira silenciosa e justa com que ele lida com problemas e desafios à sua autoridade.

Austin Butler, um dos atuais queridinhos de Hollywood, é outra figura relativamente silenciosa, o mais agressivo da gangue, não está preocupado com o que lhe acontece, mas em continuar em cima de uma moto. Butler entrega uma performance magnética , seu Benny caminha com uma racionalidade que só pode ser confundida com a de um adolescente rebelde sem medo do futuro.

Foto: Divulgação/Universal Pictures

Jodie Comer narra a trajetória dos Vândalos desde meados dos anos 60 até o início dos anos 70, após o qual a gangue piorou, para Danny Lyon, interpretado por Mike Faist. Comer, como Kathy, é o coração pulsante e a espinha dorsal do filme. Aparentemente uma esposa devotada que sabia completamente o que lhe esperava, ela mostra todo o seu alcance, numa atuação célere e pulsante.

Além dos inúmeros acertos, o longa ainda conta com uma trilha sonora digna da época, uma direção de arte que combina divinamente com o figurino e uma linda fotografia.

Foto: Divulgação/Universal Pictures

Conclusão

Quando um dos membros morre, toda a gangue comparece ao funeral, esse é o destino final desejado entre os motociclistas dos Vândalos, morrer como cowboys modernos em suas motos, surgir do nada e ir para o nada. O espectador vai sentir qual tola é Kathy, achando que pode mudar um selvagem, como ela mesma diz. Nichols ainda inclui as fotos de Lyon nos créditos finais, mas o melhor fica para o grande final, tão meticulosamente trabalhado que ninguém poderia esperar.

Confira o trailer:

Ficha Técnica
Direção: Jeff Nichols;
Roteiro: Jeff Nichols;
Elenco: Jodie Comer, Austin Butler, Tom Hardy, Michael Shannon, Mike Faist, Boyd Holbrook, Damon Herriman, Beau Knapp, Emory Cohen, Karl Glusman, Karl Glusman, Toby Wallace, Norman Reedus, Happy Anderson, Paul Sparks;
Gênero: Drama;
Duração: 116 minutos;
Distribuição: Universal Pictures;
Classificação indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z

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