A nova versão live-action de “Branca de Neve”, da Disney, chega aos cinemas nesta quinta-feira (20), envolta em polêmicas e expectativas. Ao tentar modernizar um conto de fadas clássico, o longa faz escolhas que acabam resultando em um produto que parece indeciso entre a tradição e a revisão progressista. O resultado é uma narrativa desconjuntada, que elimina elementos icônicos e introduz alterações que, ao invés de inovar, tornam a história confusa e sem brilho.
Desde sua concepção, “Branca de Neve” teve sua protagonista envolta em debates. O papel principal coube a Rachel Zegler, que entrega uma performance correta, mas limitada por um roteiro que não lhe oferece profundidade. A tentativa de tornar a personagem mais independente e politicamente consciente falha em conferir-lhe carisma ou motivação convincente. A vilã, vivida por Gal Gadot, também sofre com a superficialidade, reduzida a trejeitos exagerados que tornam sua presença mais caricata do que ameaçadora.

Uma das mudanças mais controversas é a substituição dos icônicos sete anões por figuras criadas por captura de movimento. A decisão parece uma solução intermediária que não agrada a nenhum dos lados: não há a tradição do grupo original, mas também não há uma verdadeira reimaginação que faça sentido dentro da história. Além disso, a introdução de uma gangue de sete bandidos humanos, liderados por um interesse romântico genérico, apenas dilui ainda mais a força do conto.
O figurino e a direção de arte também são inconsistentes. Enquanto a Rainha Má ganha um visual marcante, com uma coroa sombria e traços estilizados, a protagonista parece deslocada com um traje que lembra mais uma fantasia de varejo do que um figurino cinematográfico digno de uma princesa clássica. A produção visual, que poderia ser um ponto forte, se perde na indecisão entre um realismo sombrio e um colorido excessivamente artificial.

A trilha sonora apresenta alguns momentos inspirados, mas não há canções memoráveis o suficiente para sustentar a ideia de um musical digno de ser revisitado. As coreografias e sequências cantadas parecem inseridas por obrigação, sem um real impacto na narrativa. O longa tenta equilibrar sua abordagem tradicional com uma pegada contemporânea, mas esse meio-termo acaba resultando em um tom indeciso.
Narrativamente, a produção tem dificuldades em estruturar sua história de maneira coesa. O desaparecimento do rei é explicado de forma confusa, a relação entre a heroína e sua antagonista não se desenvolve de maneira envolvente, e a resolução da trama não traz qualquer impacto emocional genuíno. A proposta quer homenagear o clássico de 1937, mas sem a coragem de assumir sua identidade.



Conclusão
No fim, “Branca de Neve” se junta a outras tentativas falhas de reimaginar contos de fadas, como “Espelho, Espelho Meu” (2012) e “Branca de Neve e o Caçador” (2012), sem a personalidade ou o frescor necessários para justificar sua existência. A Disney tinha a oportunidade de criar uma versão moderna e vibrante do conto, mas optou por uma abordagem que, em vez de inovar, apenas enfraquece a história original. O resultado é um filme que, ironicamente, parece preso em um sono profundo do qual dificilmente será despertado.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Marc Webb;
Roteiro: Erin Cressida Wilson;
Elenco: Rachel Zegler, Gal Gadot, Andrew Burnap;
Gênero: Musical;
Duração: 109 minutos;
Distribuição: Walt Disney Pictures;
Classificação indicativa: 10 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z