Em 2022, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou o Censo da Psicologia (CensoPsi), uma ação em parceria com a Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (ABPOT) e com o Grupo de Trabalho 83 – Configurações do Trabalho na Contemporaneidade e a Psicologia Organizacional e do Trabalho, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP), além de apoio do conjunto de entidades que integram o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia (FENPB).
E acordo com o CensoPsi, 50% dos profissionais têm até 39 anos de idade, o que retrata uma categoria de perfil jovem.
Do total dos 20.207 psicólogos que participaram do CensoPsi, quase a metade (47,5%) já realizou cursos de pós-graduação lato sensu (especialização ou MBA) e outros 25,9% têm cursos de pós-graduação stricto sensu. Nesse caso, predominam os que têm mestrado (16,5%), seguido dos que concluíram o doutorado (7%) e de um percentual menor que realizou pós-doutorado (2,4%). Portanto, a amostra da pesquisa indica um total de 73,4% de profissionais que investiram em uma formação pós-graduada.
A pergunta que não foi respondida na pesquisa diz respeito ao motivo dos profissionais participantes terem optado por uma pós-graduação. Seria por interesse em se aperfeiçoar para ofertar um serviço de qualidade e responsabilidade, ou seria para compensar um fraco ensino de graduação, em especial se pensarmos que a esmagadora maioria advém de instituições privadas?
Ainda analisando o CensoPsi, temos 61,6% dos profissionais com até dois anos de formação atuando sem pós-graduação — confesso que estes dados me causaram certo incômodo, em especial, por nossa profissão trabalhar diretamente com a mente das pessoas. Por outro lado, entre aqueles que têm entre 3 a 5 anos de profissão, 53,8% são pós-graduados, o que, no meu entendimento, decorre do início da maturidade profissional, reforçando a ideia de compromisso para com a população, dada a especificidade de nossa profissão.
Do total, cerca de 45,4% dos profissionais possuem mais do que uma simples graduação. Entretanto, 32,2% têm somente a graduação, número que considero alarmante, uma vez que, por experiência própria, apenas a graduação não dá conta da demanda trazida pelos pacientes da clínica onde atuo, por exemplo.
Com relação ao gênero, as mulheres são maioria absoluta. São cerca de 49,2% psicólogas detentoras de diploma de pós-graduação. Ainda seguindo a linha de gênero, 79% dos profissionais de psicologia são mulheres, e apenas 20%, homens.
Com 32,9%, o catolicismo é a religião predominante entre os psicólogos, seguido por 27,3% de pessoas que se consideram sem religião, o que a princípio não quer dizer muita coisa, uma vez que o psicólogo, em especial o clínico, não deixa a religiosidade interferir em seu trabalho.
Muitos são os desafios desta jovem ciência, com seus 18% de profissionais até 29 anos. Entre 50 a 59 anos, temos apenas 16% de psicólogos. Contudo, na experiência profissional, os que têm entre 6 a 25 anos de atuação ocupam maior espaço, com 52%. Este número me chamou atenção, pois, para uma pesquisa desta envergadura, deixou um espaço muito grande entre os anos de experiência, isto é, seria interessante manter a base de dois em dois anos ou de cinco em cinco anos.
O trabalho realizado pelo CFP abre espaço para o entendimento da origem de nossa representação social por parte da sociedade. Além disso, auxilia os conselhos regionais de psicologia a procurarem atender melhor seus afiliados. Da mesma forma, entidades como faculdades, editoras, universidades, revendedoras, entre outras, podem se beneficiar das características apresentadas no CensoPsi, inclusive no planejamento de suas vendas e/ou captação.
Os números apresentados são interessantes e estatisticamente válidos, mas ainda bem distantes da realidade, já que a pesquisa se ateve a cerca de 20.207 profissionais e temos mais de 432.173 psicólogos inscritos nos conselhos regionais. Assim, estamos falando de um CensoPsi com apenas 4,68% da população, sem falar nos profissionais que não se filiam aos CRPs.
De qualquer forma, foi um avanço não só para a categoria, mas para toda a sociedade.
O material está no site do Conselho Federal de Psicologia e pode ser ado gratuitamente nos hiperlinks abaixo:
Até a próxima!