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Analice Nicolau
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Setor de cinemas cresce 15% no início de 2025, mas recuperação total só deve vir em 2027

Alta no público e no faturamento anima exibidores, mas desafios como pirataria e janela curta de exibição ainda preocupam o setor

Analice Nicolau

20/05/2025 9h00

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O mercado exibidor segue em recuperação em 2025 e mantém a tendência de crescimento iniciada no ano ado. De janeiro a abril, houve um aumento de 15% no público e no faturamento dos cinemas em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da Filme B Box Office.

As produções nacionais também têm contribuído para esse avanço. Um levantamento da ABRAPLEX (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex) mostra que os filmes brasileiros já levaram mais de 8,3 milhões de pessoas aos cinemas em 2025, gerando um faturamento superior a R$ 155 milhões.

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Ainda Estou Aqui foi uma das principais produções nacionais a encher as salas de cinema. (Foto: Internet)

Apesar dos bons números, a entidade afirma que a recuperação total do setor ainda está distante.

“Ao longo da pandemia e dos anos seguintes, em que se somou à paralisação das produções por conta do coronavírus e uma greve em Hollywood, que atrasou ainda mais a finalização dos longas, tivemos uma entrega menor da nossa principal matéria-prima. Em 2023, foram lançados 161 títulos a menos do que em 2019. Hoje, acreditamos que alcançaremos – e ultraaremos – os patamares de 2019. Mas a expectativa é que isso ocorra somente em 2027”, afirma Marcos Barros, presidente da ABRAPLEX.

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Marcos Barros, presidente da ABRAPLEX. (Foto: Divulgação)

Segundo Barros, medidas como o apoio da ANCINE, do Ministério da Cultura, do Comitê Gestor do FSA e o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE) foram fundamentais para a sobrevivência do setor, especialmente considerando que 90% do parque exibidor é formado por empresas familiares. A possível exclusão do PERSE, no entanto, preocupa.

“O PERSE não foi suficiente para resolver todos os desafios que temos pela frente, visto que os cinemas são atividades complexas, que envolvem o tipo de filme lançado, a adesão do público, o poder de compra da população e os hábitos de consumo. Mas não há como negar que a renúncia fiscal gerada pelo Programa é imprescindível para que possamos continuar a operar e recuperar o fluxo de caixa”, diz.

A boa receptividade do público aos filmes brasileiros no início do ano também chama atenção. Dados da Filme B Box Office mostram que o market share nacional está em cerca de 20%, repetindo o desempenho dos quatro primeiros meses de 2024.

Esse resultado se deve, principalmente, a três produções: O Auto da Compadecida – Ainda Estou Aqui, Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa e Vitória. Entre os 67 títulos brasileiros lançados no período, apenas esses ultraaram – ou se aproximaram de – 1 milhão de ingressos vendidos.

“Esses números reforçam a necessidade de políticas de fomento à produção que privilegiem não só a quantidade de títulos, mas também o sucesso comercial dos conteúdos. Em 2024, somente 10 filmes foram responsáveis por mais de 86% do público dos filmes brasileiros. É urgente uma regra de investimentos que privilegie também a adesão do público aos conteúdos produzidos por meio de Leis de Incentivo, e não somente a quantidade de filmes feitos”, argumenta Barros.

Para a ABRAPLEX, a retomada definitiva do setor depende de uma combinação de fatores: produções com apelo popular, combate eficaz à pirataria e regulamentação da janela de lançamento nos serviços de streaming.

Sobre esse último ponto, Barros defende que a regulamentação da janela é essencial para garantir melhor desempenho dos filmes, especialmente os de boa sustentação – ou seja, que mantêm o público mesmo após algumas semanas em cartaz. Atualmente, a média de tempo para que um longa vá ao streaming no Brasil é de cerca de 45 dias, o que prejudica principalmente os filmes de médio e pequeno porte.

“Além disso, hoje temos longas que são transmitidos pelas redes sociais no momento da estreia. Assim que um filme é lançado, links e mais links se espalham pela internet e a velocidade do combate é inferior à da propagação desses materiais. Isso precisa mudar. É urgente a ampliação do combate à pirataria. A indústria audiovisual, como um todo, sofre demais com isso. O parque exibidor, especificamente, é bastante afetado. O único momento em que os cinemas rentabilizam é quando o filme está em cartaz e ter, simultaneamente, esses conteúdos à disposição de forma ilegal na internet prejudica a adesão do público e traz grandes prejuízos”, finaliza.

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