A preocupação com ofertas de emprego falsas, que há tempos aflige candidatos, agora se inverte: empresas também estão na mira de fraudes. A proliferação de perfis criados por inteligência artificial tem colocado líderes de recrutamento — de startups a grandes corporações — em estado de alerta. O fenômeno, além de causar perdas de tempo e recursos, pode abrir brechas para sérios riscos de segurança cibernética.

A proliferação de perfis criados por inteligência artificial tem colocado líderes de recrutamento em estado de alerta
O alerta mais recente sobre fraudes em processos seletivos veio de Dawid Moczadlo, que relatou em seu perfil no LinkedIn: durante uma entrevista virtual, percebeu que estava interagindo com um candidato gerado por inteligência artificial.
Segundo ele, a desconfiança surgiu devido às respostas excessivamente mecânicas e à imagem artificial exibida na chamada via Zoom. Moczadlo decidiu encerrar a entrevista, mas ressaltou que esse não é um caso isolado. A utilização de avatares falsos tem se tornado uma prática cada vez mais comum, especialmente em seleções para vagas na área de tecnologia.
Segundo investigação da Forbes, parte desses perfis fraudulentos tem origem em trabalhadores de TI da Coreia do Norte, que conseguem se infiltrar em empresas estrangeiras e, em alguns casos, ocupam cargos com salários de até US$ 300 mil anuais. Com ferramentas de IA cada vez mais íveis, o cenário tende a piorar: um estudo da Palo Alto Networks revelou que, em apenas 70 minutos, qualquer pessoa com conhecimento básico de inteligência artificial pode criar um candidato falso convincente.

IA cada vez mais íveis
Os impactos dessa nova ameaça vão além da simples perda de produtividade. A presença de falsos candidatos intensifica a concorrência no mercado de trabalho, prejudica profissionais legítimos e sobrecarrega as equipes de seleção. Mais grave ainda, a infiltração de agentes mal-intencionados representa um risco à segurança nacional, especialmente em setores estratégicos, onde dados sensíveis podem ser comprometidos.
“O futuro do trabalho está sendo moldado pela tecnologia, e é nosso papel garantir que esse futuro seja inclusivo e sustentável”, afirma Bruno Nunes, especialista em tech e CEO da Base39.